
Mercado global enfrenta desafios de oferta e demanda, mas projeções indicam estabilização no curto prazo.
14/01/2025 - Os preços da celulose de eucalipto (fibra curta) devem começar 2025 em níveis baixos, em torno de US$ 545 por tonelada no mercado chinês, segundo analistas e fontes do setor. A recuperação é esperada apenas na segunda metade do ano, quando oferta e demanda podem alcançar equilíbrio, permitindo a recomposição de estoques.
Após uma alta acumulada de quase 26% em 2023 na China, os preços estagnaram em 2024, com crescimento médio de 9% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Fastmarkets RISI. No entanto, o comportamento não foi linear: os valores subiram 16% no primeiro semestre de 2024, alcançando US$ 745 por tonelada em junho, mas recuaram nos meses seguintes, pressionados pela entrada de novos volumes no mercado.

O Projeto Cerrado, da Suzano, iniciou operações em julho em Ribas do Rio Pardo (MS), adicionando 2,55 milhões de toneladas anuais de celulose ao mercado. Para 2024, a produção estimada foi de 900 mil toneladas, com vendas previstas de 700 mil toneladas. Na China, a Liansheng Pulp and Paper aumentou sua capacidade integrada de produção de celulose e papel para 3,9 milhões de toneladas anuais em Fujian.
Atualmente, o preço líquido da fibra curta permanece estável na China em US$ 545 por tonelada, enquanto na Europa foi registrado um ajuste em dezembro, estabilizando-se em US$ 1 mil por tonelada.
“Ainda haveria espaço para uma ligeira queda adicional dos preços internacionais de celulose em dólares durante a primeira metade de 2025, mais concentradas no primeiro trimestre”, avalia Rafael Barisauskas, economista para América Latina na Fastmarkets RISI.
CENÁRIOS PARA 2025
No cenário básico da Fastmarkets, os preços da fibra curta na Ásia podem cair 6,7% no primeiro trimestre, estabilizando no segundo. Já em um cenário alternativo, os preços ficariam estáveis no início do ano, com recuperação a depender da demanda internacional. O baixo nível atual de estoques por parte dos compradores pode acelerar a recuperação, caso haja maior procura.
“Se, por alguma razão, estes vierem ao mercado em busca de volumes adicionais – ou seja, se a demanda melhorar além do esperado para o período –, existe espaço para uma recuperação mais rápida dos preços”, complementa Barisauskas.
O Itaú BBA aponta que o Ano Novo chinês, em fevereiro, pode marcar o ponto de inflexão no ciclo de queda, favorecendo a reposição de estoques.
IMPACTO DA CRISE IMOBILIÁRIA CHINESA
A crise no setor imobiliário da China, maior comprador global de celulose, gera incertezas. A desaceleração da construção civil reduziu a demanda por madeira, aumentando estoques e pressionando preços. Para Barisauskas, o impacto dependerá da adoção de estímulos monetários pelo governo chinês.
Leonardo Grimaldi, vice-presidente da Suzano, prevê ajustes no mercado: “O preço hoje já está abaixo do custo marginal, tem gente que já está sangrando no mundo. E aí vão parando ou diminuindo a sua produção, ou fechando permanentemente essas capacidades”.
Apesar do cenário desafiador, Suzano e Klabin mantêm boas perspectivas, impulsionadas pelo dólar valorizado e pela eficiência operacional. A diferença de preços entre fibras curtas e longas, o chamado spread, permanece alta, sustentando a migração de consumo para a fibra curta.
Com novas capacidades previstas para 2025, o mercado global deve acompanhar de perto o comportamento da oferta e demanda ao longo do ano.
Fonte: Portal Celulose
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